3 Dias como Mentor no Navecamp

Semana passada, de 17 a 19/2 de 2016, participei do Navecamp como mentor, a convite da Lindalia Junqueira e da Renata Salvini, que coordenam o NAVE / Estácio de Sá.

Para quem ainda não conhece, o NAVE é o núcleo de empreendedorismo em tecnologia da Estácio. Em pouco tempo, eles estabeleceram uma das, senão a melhor reputação na área de aceleração de startups no Rio de Janeiro. O espaço, incrível, foi concebido com a participação do meu irmão e de seu escritório. Como amigo da Lindalia e da Renata há vários anos, e tendo considerado seriamente participar do NAVE como empreendedor com o Look in Tens, fiquei honrado e empolgado de participar.

Ao aceitar o convite, já intuí que iria aprender muito mais do que ensinar. Não deu outra.

O Navecamp é um processo análogo a um Startup Weekend, onde os empreendedores vivenciam em pouco tempo os processos de geração de ideias, validação, vendas e apresentação para potenciais stakeholders. Participaram as 20 startups da turma 4 do NAVE, cada uma tendo entre 1 e 5 membros na equipe. Fui um entre 10 ou 12 mentores.

Para mim a experiência foi uma série de aulas maravilhosas que ia recebendo, enquanto ajudava os empreendedores a pensar e articular suas ideias. Em comum, todos transmitiam uma vontade genuína de fazer muito bem o processo. Tivemos algumas startups já com produtos praticamente prontos, enquanto a maioria está na etapa da lapidação da ideia.

Ao mesmo tempo em que busquei, especialmente no primeiro dia, ser uma espécie de espelho das startups, para ajudá-las a entender como estavam articulando suas ideias, acabei naturalmente fazendo esse exercício a respeito de mim mesmo. Como explicar sua ideia em 5 palavras? Como explicar o espírito por trás do produto de modo muito sucinto? E por que isso é tão importante?

No segundo dia, o foco foi na validação da ideia: confirmar ou desconfirmar as hipóteses. Essa parte me impressionou, porque entram em cena vários mecanismos psicológicos. Para começar, quem estava ali havia apresentado e foi aprovado em cima de uma ideia de startup — ou ao menos assim lhes parecia. Talvez o ato de buscar furos nas hipóteses parecesse errado para todos no contexto do Navecamp. É uma parte realmente difícil, em que precisamos de uma auto-crítica implacável e ao mesmo tempo manter a mente positiva quanto ao todo.

Conforme foi ficando mais claro que o importante era uma validação que trouxesse respostas úteis, as pessoas foram aderindo um pouco mais a uma validação bem franca. No final, poucos invalidaram categoricamente suas ideias, e os que fizeram saíram mais, e não menos, entusiasmados com o processo. Às vezes um giro de 1° no timão faz toda a diferença — o superutilizado termo “pivotar” nem sempre ilustra que os ajustes das ideias podem ser muito simples e muito eficazes.

No terceiro dia, os empreendedores montaram e apresentaram um pitch de 3 minutos cada. A evolução em apenas 3 dias foi gigantesca— em enorme parte por mérito dos orientadores do NAVE. Eu mesmo pouco participei de eventos de startups, provavelmente pela minha resistência a um formato mais industrial envolvendo pitches curtos. O Navecamp abriu minha cabeça também quanto a isso. Entrar em contato com 20 equipes em tão pouco tempo foi muito interessante. Quem conseguiu usar bem esses 3 minutos passou uma mensagem forte para quase 100 pessoas do nosso universo, e mais importante, abriu portas para continuar conversas depois.

Os papos com os mentores foram excelentes. Foi bem marcante também ver a atuação da equipe da NAVE conduzindo o Camp: Lindalia com um jeito carinhoso e ao mesmo tempo muito estratégico, esbanjando sensibilidade nas conversas com os empreendedores. Uma mentora consumada. Renata, que de outros carnavais eu já sabia que é muito fera, com uma atuação super executiva, de fazer acontecer, organizando a cabeça das pessoas e fazendo fluir um processo bem desafiador, sem perder a ternura. E o Bernard de Luna, um cara já bem conhecido no meio das startups e que ensinou muita coisa para mim e para todos ali: fundamentos e sacações de pitch, como submeter suas ideias a validações, como estruturar tanta coisa de um jeito bacana e coerente. Nos pitches, Bernard conduziu tudo com grande sagacidade e sabedoria, fazendo perguntas certeiras que conseguiam ajudar a pensar e ao mesmo tempo dar energia para todos seguirem em frente.

Saí de lá bastante grato por ter participado e muito bem impressionado com a iniciativa da Estácio.